As mãos de Diogo Costa já defenderam alguns dos remates mais potentes do futebol moderno. Mas por trás dessas luvas existe uma história que poucos conhecem — uma jornada que começou não com troféus, mas com noites em claro de uma mãe e a força silenciosa de um pai.

Da Suíça com Sacrifício
Nascido em 19 de setembro de 1999, em Rothrist, Suíça, Diogo é filho de imigrantes portugueses que tentavam construir uma vida melhor longe de casa. A vida na Suíça estava longe de ser confortável. A mãe trabalhava em limpezas, e o pai em fábricas, ambos em jornadas duras e longas. Cada cêntimo era contado, cada sacrifício pesava.
Quando Diogo tinha sete anos, a família tomou uma decisão corajosa: regressar a Santo Tirso, Portugal, com uma mala cheia de sonhos e quase nada mais. A mãe acreditava que era em Portugal que o amor de Diogo pelo futebol poderia florescer. Foi um risco enorme. Mas, para ela, o futuro do filho valia tudo.
Começos Que Ninguém Viu
Diogo começou a jogar numa pequena academia local, a AMCH Ringe, onde se destacou não só pelos reflexos, mas pela garra. Muitas vezes a família não tinha dinheiro para chuteiras ou luvas, e a mãe remendava as velhas para que ele pudesse treinar. Trabalhava de madrugada até à noite, e ainda o acompanhava aos treinos, faça chuva ou sol.
O pai, homem de poucas palavras, era o pilar silencioso — levava o filho aos treinos depois de turnos noturnos, quase sem descansar. Quando o FC Porto ligou, em 2011, Diogo estava preparado — não por conforto, mas por um fogo forjado na dificuldade.
Porto: O Nascimento de Um Muro
Na academia do FC Porto, Diogo rapidamente criou uma reputação. Não era só talento — era determinação. Cada treino, cada jogo, era jogado como se valesse a honra da família. Em 2017, estreou-se pelo Porto B, e em 2018-19, ajudou a equipa júnior a conquistar a UEFA Youth League.
A grande oportunidade surgiu na temporada 2020-21, quando herdou a mítica camisola 99 e se afirmou como titular indiscutível do Porto. E o que se seguiu foi simplesmente brilhante.
A Ascensão de Um Herói Nacional
As exibições de Diogo foram de altíssimo nível. Ganhou várias vezes o prémio de Guarda-Redes do Mês da Primeira Liga e integrou por três vezes consecutivas o Onze do Ano da Primeira Liga (2021–2025). Pela Seleção Nacional, já era conhecido desde as camadas jovens, tendo conquistado o Europeu Sub-17 em 2016 e o Europeu Sub-19 em 2018.
Mas foi no Mundial de 2022 que Diogo gravou o seu nome no coração dos portugueses, tornando-se o guarda-redes mais jovem de sempre a jogar uma grande competição internacional por Portugal, com apenas 23 anos. Dois anos depois, no Euro 2024, defendeu três penáltis num só desempate frente à Eslovénia — um recorde que correu mundo.
E em 2025, voltou a fazer história. Defendeu um penálti decisivo na final da Liga das Nações da UEFA, diante da Espanha, garantindo mais um título para Portugal.
Por Trás das Luvas: Um Filho, Um Pai, Um Marido
Mas além dos troféus e recordes, Diogo Costa é, acima de tudo, um homem de família. Nunca perde a oportunidade de homenagear a mãe, cujos sacrifícios ainda hoje o emocionam. Num momento marcante, após conquistar um título pelo Porto, entregou-lhe o troféu e disse: “Este é teu. Cada defesa começou contigo.”
O pai, discreto, raramente aparece nas câmaras — mas está sempre presente no coração do filho. “Ele ensinou-me a manter a calma no caos,” disse Diogo. “Encaro os avançados como ele enfrentou a vida — com coragem silenciosa.”
Hoje, Diogo partilha esse mesmo amor com a sua própria família. É casado com Catarina Machado, com quem tem um filho, Tomás, nascido em 2022. O casal aguarda agora o nascimento do segundo filho, previsto para julho de 2024 — um novo capítulo para um homem cuja vida já parece ter atravessado várias eras de luta e glória.
Uma Lenda em Construção
Das luvas remendadas e jantares silenciosos à luz dos holofotes e às defesas históricas, a jornada de Diogo Costa é mais do que uma história de futebol. É uma prova de que a grandeza nasce do sacrifício, da fé e da vontade de nunca desistir.
Ele não é apenas o muro do FC Porto. Ele é o reflexo de todos os que vieram do nada e chegaram ao topo — não porque foi fácil, mas porque desistir nunca foi opção.