O destino de Martín Anselmi no FC Porto parece selado — e os torcedores já dão sinais de alívio. O que começou como uma nova era promissora no comando técnico do clube está prestes a terminar em decepção. Apesar da eliminação vexatória no Mundial de Clubes da FIFA ter acelerado o processo, os sinais de que algo estava errado já vinham de longe.
Após a eliminação na fase de grupos — a pior campanha de uma equipe europeia no novo formato do torneio —, Anselmi se reuniu nesta semana com o presidente André Villas-Boas. Informações de bastidores indicam que a decisão de demiti-lo já foi tomada, mas o clube enfrenta agora os desafios financeiros para rescindir o contrato válido até junho de 2027.
A saída de Anselmi pode custar cerca de 4 milhões de euros referentes aos anos restantes de contrato, sem contar os 3,1 milhões de euros pagos ao Cruz Azul para contratá-lo em janeiro deste ano. O treinador argentino exige que o valor seja pago integralmente.
Mas além da questão financeira, os motivos para sua saída são muitos — e vão desde erros táticos até uma suposta falta de comando no vestiário.
A derrota humilhante por 4 a 1 para o Benfica, em pleno Estádio do Dragão, ainda ecoa na memória da torcida. A partir dali, o time demonstrou pouco brilho e nenhuma consistência. Apesar da boa fase de Rodrigo Mora no fim da temporada e do tropeço do Braga, o Porto apenas garantiu um lugar no pódio da Primeira Liga por detalhes — um cenário inaceitável para um clube tricampeão europeu.
As críticas ao modelo de jogo de Anselmi aumentaram. Sua equipe era constantemente vulnerável nas transições, e o ápice desse desequilíbrio ocorreu no empate por 4 a 4 contra o Al-Ahly, provavelmente seu último jogo no comando. Após a partida, o próprio treinador admitiu que seu time “não reagiu” após perder a bola, o que evidenciou falhas na preparação e na mentalidade.
Além disso, suas escolhas táticas foram questionadas: jogadores atuando fora de posição — como Fábio Vieira —, e uma aparente dificuldade em impor intensidade e disciplina. Embora a saída de Nico González e Wenderson Galeno logo após sua chegada tenha complicado o cenário, torcedores e analistas já não compravam suas justificativas.
“Treinar o Porto exige mais que currículo”, comentou uma fonte do clube. “É preciso presença, clareza e pulso firme. Isso faltou.”
Apesar do sucesso com o Independiente del Valle, onde conquistou duas Copas Sul-Americanas, Anselmi não conseguiu se adaptar ao peso e à pressão de um gigante europeu como o Porto. Sua postura, antes vista como serena, passou a ser interpretada como distanciamento — algo que não combina com o espírito apaixonado do clube e de seus adeptos.
Com sua saída praticamente certa, agora os olhos se voltam para André Villas-Boas, que terá de tomar a decisão mais importante da sua gestão como presidente. A próxima escolha no comando técnico será crucial — outro erro pode custar caro.
Para Anselmi, o capítulo no futebol português chega ao fim. Mas para o Porto, os desafios — e as cobranças — só estão